quarta-feira, 9 de março de 2011

Geoffrey Canada - Esperando o Super-Homem


A principal meta da educação é criar pessoas capazes de inovar: seres criadores, inventores, descobridores. A segunda meta é formar mentes com condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe. Jean Piaget
Até os anos 70, a educação pública americana foi diferenciada no aspecto positivo. Ela produziu, desde 1900, mais de 100 ganhadores de Prêmios Nobel, 10 presidentes e muita gente notável como Martin Luther King, Steve Jobs e Bob Dylan.
Devido a fatores políticos, falta de adequação à nova realidade, acordos incoerentes com sindicatos e burocracia, as escolas públicas se tornaram referências de evasão escolar e formação de alunos despreparados.
O educador Geoffrey Canada, formado emHarvard, conta que a maior decepção de sua vida ocorreu quando sua mãe lhe contou que o Super-Homem não existia. Ele cresceu no bairro nova yorkino do Harlem, cercado pela pobreza financeira, drogras, violência, pouca cultura e perspectiva zero. O que o levou a pensar: se o Super-Homem não existe, quem irá nos salvar?

Após as lágrimas, ali começou a surgir um novo homem. Sempre consciente sobre a necessidade da educação, ele cresceu, estudou e criou uma organização chamada Harlem Children Zone (http://www.hcz.org), uma escola com objetivos simples: acompanhar a criança desde o nascimento até a faculdade. Oferecendo ensino em período integral e gratuito, a HCZ mudou uma estátistica que parecia impossível: alunos dessa instituição pública atingem melhores notas do que aqueles das escolas particulares. E segundo Geoffrey, não existe grandes escolas sem grandes professores:
Quando vir um grande professor,
você estará vendo uma obra de arte.

Ver um mestre é tão inacreditável
quanto ver um grande atleta
ou um grande músico…

Some tudo.
Idealizado por Philip Davis Guggenheim, o mesmo diretor de Uma verdade inconveniente, o documentário Esperando pelo Super-Homem traça um perfil da educação pública nos Estados Unidos, mostrando informações alarmantes como a evasão escolar, a falta de conhecimento nas matérias básicas como inglês e matemática, o contrato de estabilidade dos professores que impede a demissão de péssimos educadores. Por outro lado, nos motiva e emociona com a Harlem Children’s Zone que hoje tem 16 unidades com um total de 8000 alunos, além de outras organizações gratuitas notáveis como KIPP (http://www.kipp.org) em Los Angeles e SEED (http://www.seedfoundation.com) na capital Washington. Com depoimentos de Michelle Rhee (Chanceler das Escolas Públicas do Distrito de Colúmbia), de Bill Gates, dos idealizadores dessas instituições, dos pais, dos alunos, dos professores, é um documentário essencial e esclarecedor.
O estudo gratuito de qualidade nos Estados Unidos é, literalmente, uma loteria. Tratando-se de escolas fantásticas e gratuitas, não há vagas disponíveis para todos os interessados. O ingresso é determinado pelas moradias mais próximas e por um sorteio.
Em 1999, fiz um documentário sobre professores da rede pública,
Passei um ano letivo observando-os dedicar suas vidas às crianças.
Tais professores personificavam a esperança e carregavam consigo a promessa da idéia de que a escola pública podia dar certo.
10 anos depois, era hora de escolher uma escola para meus filhos e, então, deparei-me com a realidade.
Minhas opiniões acerca da educação pública não importavam tanto quanto o meu medo de mandá-los para uma escola falida.
E assim, todas as manhãs, traindo os ideais pelos quais julguei viver, passo por três
escolas públicas enquanto levo meus filhos a uma escola particular.
Isso porque eu tenho condições. Eu tenho opção.
Outras famílias depositam suas esperanças em uma bola, em uma mão tirando um cartão de uma caixa, ou em um computador que gera números em ordem aleatória.
Pois quando há uma ótima escola pública, não há vagas suficientes, e então fazemos o que é justo:
Colocamos nossos filhos e o seu futuro nas mãos da sorte.

Em 2010, a HCZ de Nova York oferecia 35 vagas para a 1a série. Havia 727 inscritos.

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