quarta-feira, 20 de abril de 2011

Projeto 3 uso de tecnologias/ transdisciplinar

Plano de Aula
Disciplina: Língua Portuguesa
Professora: Gleice Almeida Solozabal

Introdução
As produções humanas, em todas as esferas, possuem de alguma forma, uma inter-relação, dialogam entre si, as coisas não são puras em si mesmas, não são dissociadas das demais, segundo Paulino (1995) “a sociedade pode ser vista como uma grande rede intertextual, em constante movimento. O espaço da cultura é, pois, intertextual.”
Saber reconhecer e utilizar a intertextualidade contribui, em todos os âmbitos, na construção de sentido e coerência dos diversos textos (escritos ou não) que circulam na vida cotidiana nas diversas esferas de comunicação humana.

Conteúdo:
A intertextualidade e seus usos.

Tempo estimado:
7 aulas.

Ano: 1ª Série do ensino Médio.

Material necessário: Música de Caetano Veloso “Enquanto seu lobo não vem”, trecho da peça teatral de William Shakespeare com a frase “Há mais coisas entre o céu e a terra do que presume nossa vã filosofia”, crônica de José Roberto” Deuses do futebol: Urucubaco”, trechos do filme Shrek II, imagens em Power Point dos anúncios da Hortifruti “ Aqui a natureza é estrela”,anúncio da Telefônica com referencia ao filme “O chamado”, das sandálias Melissa “Contos de Melissa”, do anuncio da Bom Bril “Monalisa”, histórias em quadrões da Turma da Mônica, Varig; charges e tirinhas, Alice no país das Maravilhas, Emília no país da gramática, A odisséia, poema de Cecília Meireles “ Uma pequena aldeia”, A megera domada de William Shakespeare, Novela O Cravo de a Rosa de Walcyr Carrasco, canção infantil “O Cravo brigou com a rosa”, filme 10 coisas que eu odeio em você, quadros e desenhos O grito de Edvard Munch, Monalisa e  O Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci, Vênus de Boticelli e suas respectivas paródias, exibição do vídeo do You Tube  “Volkswagen Commercial: The force”, trechos do filme Star Wars III.
Desenvolvimento:
1º Etapa
Iniciar a aula tocando a música de Caetano Veloso “seu lobo não vem”, juntamente com a leitura da letra. Depois pedir para que leiam o conto de fadas Chapeuzinho Vermelho na versão dos Irmãos Grimm.

Enquanto Seu Lobo Não Vem

Composição: Caetano Veloso

Vamos passear na floresta escondida, meu amor
Vamos passear na avenida
Vamos passear nas veredas, no alto meu amor
Há uma cordilheira sob o asfalto

(Os clarins da banda militar…)
A Estação Primeira da Mangueira passa em ruas largas
(Os clarins da banda militar…)
Passa por debaixo da Avenida Presidente Vargas
(Os clarins da banda militar…)
Presidente Vargas, Presidente Vargas, Presidente Vargas
(Os clarins da banda militar…)

Vamos passear nos Estados Unidos do Brasil
Vamos passear escondidos
Vamos desfilar pela rua onde Mangueira passou
Vamos por debaixo das ruas

(Os clarins da banda militar…)
Debaixo das bombas, das bandeiras
(Os clarins da banda militar…)
Debaixo das botas
(Os clarins da banda militar…)
Debaixo das rosas, dos jardins
(Os clarins da banda militar…)
Debaixo da lama
(Os clarins da banda militar…)
Debaixo da cama

http://letras.terra.com.br/caetano-veloso/178224/

Chapeuzinho Vermelho
Era uma vez, uma menina tão doce e meiga que todos gostavam dela. A avó, então, a adorava, e não sabia mais que presente dar a criança para agradá-la. Um dia ela presenteou-a com um chapeuzinho de veludo vermelho. 
O chapeuzinho agradou tanto a menina e ficou tão bem nela, que ela queria ficar com ele o tempo todo. Por causa disso, ficou conhecida como Chapeuzinho Vermelho. 
Um dia sua Mãe lhe chamou e lhe disse: 

- Chapeuzinho, leve este pedaço de bolo e essa garrafa de vinho para sua avó. Ela está doente e fraca, e isto vai fazê-la ficar melhor. Comporte-se no caminho, e de modo algum saia da estrada, ou você pode cair e quebrar a garrafa de vinho e ele é muito importante para a recuperação de sua avó. 

Chapeuzinho prometeu que obedeceria a sua mãe e pegando a cesta com o bolo e o vinho, despediu-se e partiu. 
Sua avó morava no meio da floresta, distante uma hora e meia da vila. 
Logo que Chapeuzinho entrou na floresta, um Lobo apareceu na sua frente. 
Como ela não o conhecia nem sabia que ele era um ser perverso, não sentiu medo algum. 

- Bom dia Chapeuzinho - saudou o Lobo. 

- Bom dia, Lobo - ela respondeu. 

- Aonde você vai assim tão cedinho, Chapeuzinho? 

- Vou à casa da minha avó. 

- E o que você está levando aí nessa cestinha? 

- Minha avó está muito doente e fraca, e eu estou levando para ela um pedaço de bolo que a mamãe fez ontem, e uma garrafa de vinho. Isto vai deixá-la forte e saudável. 

- Chapeuzinho, diga-me uma coisa, onde sua avó mora? 

- A uns quinze minutos daqui. A casa dela fica debaixo de três grandes carvalhos e é cercada por uma sebe de aveleiras. Você deve conhecer a casa. 

O Lobo pensou consigo: "Esta tenra menina é um delicioso petisco. Se eu agir rápido posso saborear sua avó e ela como sobremesa”. 
Então o Lobo disse: 

- Escute Chapeuzinho, você já viu que lindas flores há nessa floresta? Por quê você não dá uma olhada? Você não está ouvindo os pássaros cantando? Você é muito séria, só caminha olhando para frente. Veja quanta beleza há na floresta. 

Chapeuzinho então olhou a sua volta, e viu a luz do sol brilhando entre as árvores, e viu como o chão estava coberto com lindas e coloridas flores, e pensou: "Se eu pegar um buquê de flores para minha avó, ela vai ficar muito contente. E como ainda é cedo, eu não vou me atrasar”. 
E, saindo do caminho entrou na mata. E sempre que apanhava uma flor, via outra mais bonita adiante, e ia atrás dela. Assim foi entrando na mata cada vez mais. 
Enquanto isso, o Lobo correu à casa da avó de Chapeuzinho e bateu na porta. 

- Quem está aí? - perguntou a velhinha. 

- Sou eu, Chapeuzinho - falou o Lobo disfarçando a voz - Vim trazer um pedaço de bolo e uma garrafa de vinho. Abra a porta para mim. 

- Levante a tranca, ela está aberta. Não posso me levantar, pois estou muito fraca. - respondeu a vovó. 

O Lobo entrou na casa e foi direto à cama da vovó, e a engoliu antes que ela pudesse vê-lo. Então ele vestiu suas roupas, colocou sua touca na cabeça, fechou as cortinas da cama, deitou-se e ficou esperando Chapeuzinho Vermelho. 
E Chapeuzinho continuava colhendo flores na mata. E só quando não podia mais carregar nenhuma é que retornou ao caminho da casa de sua avó. 
Quando ela chegou lá, para sua surpresa, encontrou a porta aberta. 
Ela caminhou até a sala, e tudo parecia tão estranho que pensou: "Oh, céus, por quê será que estou com tanto medo? Normalmente eu me sinto tão bem na casa da vovó...”. 
Então ela foi até a cama da avó e abriu as cortinas. A vovó estava lá deitada com sua touca cobrindo parte do seu rosto, e, parecia muito estranha... 

- Oh, vovó, que orelhas grandes a senhora tem! - disse então Chapeuzinho. 

- É para te ouvir melhor. 

- Oh, vovó, que olhos grandes a senhora tem! 

- É para te ver melhor. 

- Oh, vovó, que mãos enormes a senhora tem! 

- São para te abraçar melhor. 

- Oh, vovó, que boca grande e horrível à senhora tem! 

- É para te comer melhor - e dizendo isto o Lobo saltou sobre a indefesa menina, e a engoliu de um só bote. 

Depois que encheu a barriga, ele voltou à cama, deitou, dormiu, e começou a roncar muito alto. Um caçador que ia passando ali perto escutou e achou estranho que uma velhinha roncasse tão alto, então ele decidiu ir dar uma olhada. 
Ele entrou na casa, e viu deitado na cama o Lobo que ele procurava há muito tempo. 
E o caçador pensou: "Ele deve ter comido a velhinha, mas talvez ela ainda possa ser salva. Não posso atirar nele”. 
Então ele pegou uma tesoura e abriu a barriga do Lobo. 
Quando começou a cortar, viu surgir um chapeuzinho vermelho. Ele cortou mais, e a menina pulou para fora exclamando: 

- Eu estava com muito medo! Dentro da barriga do lobo é muito escuro! 

E assim, a vovó foi salva também. 
Então Chapeuzinho pegou algumas pedras grandes e pesadas e colocou dentro da barriga do lobo. 
Quando o lobo acordou tentou fugir, mas as pedras estavam tão pesadas que ele caiu no chão e morreu. 
E assim, todos ficaram muito felizes. 
O caçador pegou a pele do lobo. 
A vovó comeu o bolo e bebeu o vinho que Chapeuzinho havia trazido, e Chapeuzinho disse para si mesma: 

“Enquanto eu viver, nunca mais vou desobedecer minha mãe e desviar do caminho nem andar na floresta sozinha e por minha conta”. 
                                                                                                                                  (Irmãos Grimm)
Após as leituras, pedir para que os alunos tentem estabelecer relações entre os dois textos. O que há de semelhante entre eles? Que texto se apropriou de certos elementos do outro? O que pode significar o titulo da música e sua letra em relação ao contexto histórico (época da ditadura militar) em que está inserida? Quem seria o lobo da música?
Após as observações realizadas pelos alunos com o esclarecimento do professor, explicar que a apropriação de Caetano Veloso do conto Chapeuzinho Vermelho, é chamado de intertextualidade. Termo usado para designar um fenômeno que constitutivo da produção de sentido e que se manifesta em diferentes linguagens e contextos. A sociedade, de modo geral, interage de forma intertextual, ou seja, nas manifestações sociais os textos, verbais ou não, dialogam entre si. Em diversas áreas do conhecimento, no cotidiano, podemos perceber traços, vozes de outros textos.

2º etapa
Retomando o gancho dos contos de fadas, exibir trechos do filme Shrek II, solicitando aos alunos que possam identificar os textos que compõem a intertextualidade do filme e de que forma ela se constrói para sugerir um novo sentido às obras ( a releitura dos contos de fadas, a mescla do antigo e do moderno, a comicidade, a desconstrução de ideais,etc...).

3º Etapa
Através do Power Point (ou em folhas impressas), mostrar o anúncio publicitário das sandálias Melissa “Contos de Melissa”. Pedir para que os alunos, em dupla, façam uma interpretação do anúncio, identificando o intertexto do gênero textual referido (no caso a que conto de fadas se refere cada um), o produto que está sendo anunciado, a que público se destina, qual seria a intenção dos autores do anuncio ao utilizarem os contos de fadas, como foi feita a releitura desses contos (por que as princesas e mocinhas aparecem de forma mais ousada, mais moderna). Após a interpretação solicitar que os alunos discutam suas respostas, com a intervenção do professor.







4º e 5º etapas
Através do Power Point, reforçar a construção do conceito e de seu uso com mais alguns exemplos, promovendo uma interpretação oral e escrita dos mesmos (tome-se como base as perguntas feitas com o anúncio da Melissa), junto com os alunos:
Turma da Mônica em Quadrões:


 
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Charges, tirinhas...

evogenind.blogspot.com


Obras de arte
   








 
                                           
                                                                                                        http://otempoafiar.blogspot.com/2009/11/convite-obra-prima.html



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Literatura
 





Uma pequena aldeia

 No canto do galo há uma pequena aldeia
 de mulheres risonhas e pobres
 que trabalham em casa de pedra
 com belos braços brancos
e olhos cor de lágrima.

São umas corajosas mulheres
que tecem em teares antigos,
 são umas Penélopes obscuras
em suas casas de pedra
com fogões de pedra
 nestes tempos de pedra.

 Elas, porém, cantam com frescura,
 a leveza, a graça, a alegria generosa
da água das cascatas,
que corre de dentro do mundo
pelo mundo
 para fora do mundo.

 No canto do galo há, de repente,
 essa pequena aldeia,
com essas belas mulheres,
 essas boas deusas escondidas,
 essas criaturas lendárias
que trabalham e cantam
 e morrem.

O amor é uma roseira à sua porta,
o sonho é um barco no mar
 a vida é uma brasa na lareira
um pano que nasce, fio a fio.

A morte é um dia santo
para sempre no céu.
(MEIRELES, 2001, p. 1893)





Novela ''O Cravo e A Rosa'' de Walcyr Carrasco, TV Globo

O Cravo Brigou Com a Rosa 
Músicas Infantis 

O cravo brigou com a rosa, 
Debaixo de uma sacada, 
O cravo saiu ferido, 
E a rosa despedaçada. 

O cravo ficou doente, 
A rosa foi visitar, 
O cravo teve um desmaio, 
E a rosa pô-se a chorar.






Aplicação dos conhecimentos construídos sobre a intertextualidade. (Avaliação em grupo)
Apresentação da proposta:
1 - Exibição do vídeo “Volkswagen Commercial: The force” em http://www.youtube.com/watch?v=R55e-uHQna0.
2 - Exibição de trechos do filme Star Wars III, fazendo oralmente, um breve resumo das trilogias e a características que relacionam a propaganda da Volks ao filme. Explique a questão da intertextualidade entre o anúncio e o filme. Repita se necessário, o comercial para que a construção de sentido tenha sucesso.



3 – Proposta de produção de texto:
Assim como no anúncio da Volkswagen em que se utilizou da intertextualidade, como principal fundamento de sua composição, vocês irão imaginar que são do grêmio da escola e irão elaborar e apresentar um texto de campanha comunitária (cartaz), direcionado aos estudantes de sua escola, incentivando-os a respeito da importância da leitura. Nesse cartaz vocês terão que utilizar como principal recurso de construção textual, a intertextualidade através de uma ou várias “fontes”.
As produções serão expostas nos murais da escola.
Observação: Professor, fazer um rápido apanhado sobre o gênero textual do qual irão trabalhar.
Para ajudar no trabalho: Pedir aos alunos que pesquisem em casa ou na escola, mais exemplos de intertextualidade, nas mais diversas esferas de comunicação humana, inclusive em seu cotidiano, em suas ações habituais.
Sugira a eles que assistam um desses filmes: “Van Helsing” de 2004, “A Liga Extraordinária” de 2003 e AI (Inteligência Artificial) de 2001 e tentem perceber a intertextualidade nessas produções cinematográficas.




  

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