quarta-feira, 11 de maio de 2011

Desabafo e alerta aos professores de português

Após alguns meses coordenando o curso de Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa, observei alguns pontos que me chamaram a atenção e que valem a pena ser compartilhado com os leitores do blog. Claro que estou fazendo um alerta, generalizando aspectos que me parecem importantes. 


1. Muitos professores de português, graduados em Letras, cometem erros gramaticais consideravelmente graves. Por exemplo: infelismente, ancioso, uso do "mesmo" como pronome e gerundismo. Fico me perguntando: como pode-se exigir do aluno correção gramatical se o próprio professor comete erros?


2. Os textos produzidos nas respostas de questões dissertativas revelam falta de coesão, coerência, sustentação das ideias e escolha lexical indevida. Opa, mas esses comentários são os que deveriam ser realizados na correção de redações dos alunos das aulas de português/redação. Isso me leva a crer que as correções dos textos não devem ser feitas de forma apurada como deveriam.


3. Há uma maior preocupação dos professores/alunos nas notas que recebem do que no aprendizado em si. Vamos voltar àquela velha questão: nota representa o aprendizado? é ela que deve nortear um curso ou o aprendizado em si, o desenvolvimento de competências específicas?


Quis postar esses três comentários principais, que me parecem os mais alarmantes, para que nós, professores, possamos refletir sobre como está a educação do país.


Tenho a impressão de que a educação é um conjunto de cordas com milhares de nós. Quando tentamos eliminar um nó, outros se fazem. Por exemplo, ofertar um curso de aperfeiçoamento de professores é uma forma de desatar um nó. Mas se percebe que, nesse nós, há outros, mais complicados ainda.


Realmente, a atitude é o primeiro elemento que deve ser mudado, tanto nos professores quanto nos alunos, para que conhecimento e habilidade possam ser desenvolvidos. 


Vamos em frente, tentando desatar alguns nós - se é que isso é possível.

5 comentários:

  1. Essa é uma discussão muito boa.


    Eu acredito que o problema está nos cursos que formam esses professores; os cursos de Letras e Pedagogia ainda não entendem seus alunos: a grande maioria não é produtora de texto, não tem história de leitura mais crítica, não tem um ambiente familiar que incentiva a leitura, tem pais analfabetos ou de escolaridade baixa... entre outros fatores.

    Somente quando os cursos que formam esses cidadãos entenderem isso, ficará mais fácil de lidar com isso, de achar soluções... mesmo que a longo prazo. O problema é que nosso sistema educacional precisa de professores PRA ONTEM! Então como aumentar o tempo de graduação desses futuros professores? Imagine um curso de 5 anos em Letras ou Pedagogia; primeiro, a maioria desistiria; segundo, o sistema burlaria isso, porque a desistência em sala de aula está aumentando por conta da criminalidade e falta de estrutura do sistema.

    Não culpo os professores mas também não os absolvo.

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  2. Acredito que além de considerar a forma de ensino, temos que considerar também a postura que os professores de português adotam. Não sou professora de português, sou professora de geografia. Quando entro na sala para dar uma aula de geopolítica tenho que me informar sobre o assunto que vou dar aula, mesmo que meu histórico não seja relacionado com a Líbia ou com o Iêmen. Se me proponho a ensinar, tenho que me propor a aprender. Não acredito que os professores não possam cometer erros, mas tem que servir de exemplo. Temos que retomar a imagem do professor como uma fonte de sabedoria e conhecimento, independente do passado e da formação.
    Devemos parar de procurar culpados e começar a procurar soluções.

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  3. Sou aluna da professora Vivian no curso de pós em Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa e espero não fazer parte desse grave diagnóstico. Espero e desejo receber feedback de provas nas quais se apresentem dificuldades como essas, porque busco ser exemplo como professora de Língua Portuguesa e concordo plenamente com a professora Heloísa da seção Heloísa Responde da revista Nova Escola (maio/2011), quando diz que é inadmissível um professor escrever errado, independente da disciplina que leciona.

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  4. Fico me perguntando as mesmas questões, há tempos, mas as respostas ainda não vieram. Com uma velocidade muito grande alunos viraram professores e as soluções para os muitos diagnósticos ainda estavam sendo pensadas quando os professores já estavam indo para as salas de aula dar suas contribuições.

    Eu já vi, ouvi e participei de muitas discussões sobre o assunto e sobre o valor, pra mim inquestionável, do bom português nesse e em outros contextos. Concordo com a Carol quando diz que é necessário começar a propor soluções, mas acho tão difícil saber por onde começar. Se houve um tempo em que os professores não cometiam certos erros, que nó foi esse que se fez (ou desfez) que "permitiu" a formação de professores que não apenas cometem seus "escorregões" como deixam de corrigir os "escorregões" dos alunos por não percebê-los?

    Há muito o que se pensar e discutir mesmo e, embora eu adore blogs e outras formas virtuais de fazer isso, acho que é o tipo de discussão que merece um bom capuccino sobre a mesa.

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  5. Apoiadíssimo esse capuccino. virtual? (risos)

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