O MEC e a língua Por Mauro Malin em 17/5/2011 | |
Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=642JDB003 Não é novidade a discussão sobre a aceitação, por professores – de todos os graus, do antigo primário ao universitário −, de atentados à norma culta da língua portuguesa do Brasil. Em 1919, o senador Rui Barbosa escreveu em célebre réplica ao projeto de Código Civil elaborado por Clóvis Beviláqua e aprovado na Câmara dos Deputados: O aluno paga o pato Indignação procedente, mas dirigida apenas ao laxismo de uns (MEC) e à preguiça (termo usado pelo autor) de outros (professores). Faltou dizer o mais importante: os alunos de professores que endossarem esse método sofrerão a vida toda com a incapacidade de dominar, minimamente que seja, a norma culta da língua. Uma fundamentação simples e sensata da afirmação feita acima pode ser encontrada na Nova Gramática da Língua Portuguesa, de Celso Cunha e Lindley Cintra (1ª edição, 1985): Como aqui se trata de jornalismo, socorremo-nos do craque Lago Burnett, antigo chefe do copidesque do falecido Jornal do Brasil e autor do primeiro manual de redação do matutino. Em 1976, ele publicou A Língua Envergonhada e outros escritos sobre comunicação jornalística, de onde são extraídas as passagens seguintes (3ª edição, 1991): "Como não sabe escrever e não consegue entender as noções rudimentares do bem-fazê-lo, [o brasileiro] assume uma atitude de vindita tipicamente infantil: busca destruir as normas ou, na impossibilidade de consegui-lo, enxovalhá-las. E declara-se inimigo pessoal dos gramáticos, dos filólogos, dos lexicógrafos". Todo o latinório sobre língua e liberdade, a despeito dos bons autores que frequentaram e frequentam esse território, e apesar de ser legítima a rebeldia contra "a falsidade dos postulados em que a gramática logicista e a latinizante esteavam a correção idiomática" (Cunha e Cintra, op. cit.), acaba sendo conduzido pela demagogia à vala comum estigmatizada por Burnett. Mais prudente é seguir o conselho de Luiz Garcia no Manual de Redação e Estilo do Globo (1992): "Este, ao passar os olhos pelo jornal, seleciona o que vai ler procurando aquilo que sente ser importante e o que lhe desperta a curiosidade. Só lerá de cabo a rabo aquilo que entender e de que gostar. "É por isso que escrever bem é tão fundamental para o jornalista quanto apurar bem: de que vale a notícia cuja apresentação não a faz lida, compreendida, apreciada?" |
sexta-feira, 20 de maio de 2011
Mais sobre a polêmica: por Mauro Malin
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