domingo, 29 de maio de 2011

Links com outros textos sobre o tema

Seguem links para ler textos diversos sobre a polêmica do livro didático. Não postei os da Veja e demais veículos de comunicação, por terem grande amplitude. Vale a pena ler também outros textos, com menor exposição na mídia.

Esclarecimentos em relação ao livro:

Ótimo texto do Sírio Possenti (linguista):

Rápido comentário sobre polêmica do livro didático

Postei alguns textos sobre a polêmica do livro didático em que se "apresentavam" regras erradas. Li tantos outros artigos, que nem postei, senão, este blog teria um outro teor que não o do ensino. Mas, diante de tantas polêmicas e até mesmo de páginas amarelas com Evanildo Bechara, decidi apenas postar alguns breves pontos (escritos rapidamente):

1. Deve-se, primeiramente, diferenciar o que é linguística, sociolinguística e ensino de língua portuguesa.

a) A linguística tem inúmeras áreas, cujos objetos e recortes de pesquisa são os mais diversos: desde sintaxe gerativa até a neurolinguística.  

b) a sociolinguística tem inúmeros focos de pesquisa, dentre elas, a variedade linguística e o preconceito, cujo maior representante no Brasil é Marcos Bagno (pela importância e disseminação de seus livros sobre o tema). Eu mesma fiz minha tese de doutorado em sociolinguística com foco em questões como contexto, habitus, troca de turno e desenvolvimento do tópico, sem, em momento algum, tratar de erro, adequação ou preconceito.

c) no ensino, é preciso sim trabalhar não apenas com a norma culta. Claro que ela um alvo do ensino, mas é possível aprendê-la entendendo que há outras formas de falar/escrever e se fazer entendido. O professor, na minha opinião, precisa ampliar a visão do aluno do que é língua e, ao mesmo tempo, mostrar que a norma de prestígio social é a culta/padrão (como quer que desejem chamá-la). O que não se pode é negar é que há outras formas de se comunicar e nem que o aluno deve falar sempre de forma inadequada.

Separando esses três aspectos, acredito que a discussão seria mais proveitosa do que essa "guerra" entre mídia/política/purismo/visão enviesada x academia/ciência/anti-mídia/visão ampla.

* professor, leitor deste blog: leia os textos postados neste blog, tanto a favor quanto contra o livro didático. Informe-se, busque outros textos e forme sua opinião, criticamente.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Nova Reforma Ortográfica: com a Turma da Mônica

Para tornar interessante a aula sobre a nova reforma ortográfica, use a Turma da Mônica. Há um material muito bom e divertido: http://www.4shared.com/document/68XhZofK/nova_ortografia_turma_monica11.html

Ensino na berlinda: mais polêmica

O ensino de português na berlinda
Por Deonísio da Silva em 17/5/2011
Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=642JDB002

De Edmar Bacha (67 anos), ex-presidente do BNDES, um dos pais do Plano Real e criador da expressão "Belíndia" para designar a sociedade brasileira, grande economista que hoje curte a bucólica Fazenda do Pinhal, onde começou o município de São Carlos (SP), que tem um PhD para 250 habitantes, deixando Genebra em segundo lugar no mundo nesse quesito, citado na coluna de Ancelmo Gois (O Globo, 16/5):
"Agora que o MEC achou solução para nossa incapacidade de alfabetizar os brasileiros, ao apontar o errado como certo, tem gaiato sugerindo a Guido Mantega baixar uma MP para revogar a lei da oferta e da procura para baixar a inflação sem afetar o crescimento. Com todo o respeito..."Perguntinha básica para o MEC, mais uma vez centro dessa polêmica que revela o rebaixamento de seus quadros, em sua maioria ali chegados por indicação partidária, e não por mérito: se os alunos podem continuar a falar e a escrever "os livro", "nós vai" etc., o que é que eles e os professores estão fazendo na escola?
O Globo repercutiu a polêmica na segunda-feira (16/5) em primeira página, informando que 485.000 alunos receberam o livro que está no centro de mais um debate que revela coisas ainda mais sombrias, como a tiragem do volume. Isto é, com o dinheiro do contribuinte foram pagas comissões que escolheram mal uma bibliografia estratégica, como a de Língua Portuguesa, com a qual se ensinam todas as outras disciplinas, e levaram a questão ao Jornal Nacional e a toda a mídia.
Deveríamos todos ter sido alunos dessa professora, autora do livro Por uma vida melhor, que integra uma coleção chamada "Viver, Aprender", e foi adotado pelo Ministério da Educação? Ou temos que respeitar quem pensa diferentemente dela, ao lado de professores como Sérgio Nogueira, Cláudio Moreno e Evanildo Bechara, entre outros?
Sólida formação humanista
Contendo o espanto, e talvez a desesperança do alto de seus 83 anos, Bechara, autor de dicionário e gramática, nomeado autoridade suprema do Acordo Ortográfico pela Academia Brasileira de Letras, que ainda apresenta programas de Língua Portuguesa em rádios e escreve colunas em jornais, disse:
"O aluno não vai para a escola para aprender ‘nós pega o peixe’. Isso ele já diz de casa, já é aquilo que nós chamamos de língua familiar, a língua do contexto doméstico. O grande problema é uma confusão que se faz, e que o livro também faz, entre a tarefa de um cientista, de um linguista e a tarefa de um professor de português."E acrescentou:
"No meu tempo de aluno, nós tínhamos apenas dois livros: durante quatro, cinco anos, tínhamos a mesma antologia e a mesma gramática. Mas, embora os professores não tivessem tirado o proveito das universidades, eles levavam para a escola uma cultura geral muito boa. E era essa cultura geral do professor de matemática, de física, de química, de português, o grande atrativo para o aluno. Mas o professor que se limita ao programa estabelecido pelo livro didático é um professor que é conduzido, é um professor que não tem conhecimento suficiente para sair dos trilhos oferecidos pelo livro didático."A polêmica, e principalmente as intervenções do professor Bechara, fizeram brotar neste colunista um pedaço de memorial, que já deu as caras em meu romance Teresa D’Ávila, cuja primeira parte se passa num seminário, onde o estudo era levado muito, mas muito a sério, como na maioria das escolas de então, principalmente as públicas.
Depois de sucessivas reformas, o ensino fundamental e médio apresenta um quadro complicado. Onde foi que erramos tanto e como é possível consertar o estrago? Avanços houve, ninguém pode negá-los, mas há desarrumações por todos os lados e em todas as séries.
E como era antes? Os saudosistas dizem que a escola era melhor. Era, mas não em todas as áreas. Muitos alunos terminavam o curso científico – que era opção ao clássico, depois do ginásio – sem nunca terem visto um laboratório. Em compensação, ninguém chegava ali sem uma sólida formação humanista.
Linha de passe
É verdade que havia também alguns exageros. Nas provas de Geografia, era exigido dos alunos que decorassem os nomes dos afluentes do rio Amazonas pela margem direita e pela margem esquerda. Várias pessoas ainda hoje sabem isso de cor, mas ignoram para que serve tal conhecimento. E já houve a saudável controvérsia se o maior rio do mundo é o Amazonas, o Nilo ou o Mississipi. Daqui a pouco corremos o risco de saber que é algum rio da China...
Um dia, esses antigos alunos foram meninas ou meninos que quebraram a cabeça para saber o que era pororoca (quando o Amazonas se encontrava com o mar, acho que ainda se encontra, mas não nos interessa mais...) e para responder se os rios Javari, Juruá, Purus, Madeira, Tapajós e Xingu chegavam ao rio mais caudaloso do mundo pela esquerda ou pela direita. Içá, Japuru, Negro, Trombetas, Paru e Jari chegavam pelo outro lado, mas qual era a margem correta?
Mais fácil era saber a seleção brasileira, com jogadores do Botafogo e do Santos mesclados de alguns poucos de outros times. Por que não levavam logo a linha do Botafogo, que jamais fez feio na seleção, como no bicampeonato de 1962, com Garrincha, Didi, Vavá, Amarildo e Zagalo? Menino ainda, tive que ouvir de outro botafoguense o seguinte: "Teria sido melhor levar o ataque do Botafogo todo, com o Quarentinha, o Vavá está velho, haveria maior entrosamento, mas, sabe como é, era preciso contentar o Vasco". "E o Santos, o Palmeiras e o Bangu", acrescentava outro, "ou você acha que convocaram o Zózimo por quê?" Zózimo era um dos melhores zagueiros do mundo, mas somente dele exigíamos explicação.
Iracema piauiense
Saber disso não nos impedia de decorar trechos inteiros de Camões, começados por "As armas e os barões assinalados/ Que da ocidental praia lusitana/ Por mares nunca dantes navegados..." Cada estrofe tinha oito versos e o objeto direto da oração principal estava no primeiro verso da primeira estrofe, enquanto o sujeito o aguardava no penúltimo da segunda estrofe, disfarçado ao lado de um gerúndio: "(cantando) espalharei por toda parte".
Tínhamos certas técnicas. Espetar o sujeito e sair à cata dos objetos diretos, indiretos, adjuntos nominais, adjuntos adverbiais etc. Tinham valor aqueles exercícios? Tinham. Aprendíamos lógica, sintaxe, complexos plurais e gêneros, história antiga, astronomia, geografia. E aprendíamos a estudar. Aprendíamos que o melhor método era a relação bunda-cadeira-hora, sem a qual nada se aprende.
Em Geografia, tropeçava Castro Alves, poeta de nossa preferência, que fazia famosos rios atravessarem o Saara e situava Angola bem no meio do deserto! Mas escrevia bonito e fizera mais pela Abolição do que todos os que sabiam geografia! "Andrada! Arranca este pendão dos ares!/ Colombo! Fecha a porta de teus mares!" E havia ainda Machado de Assis: "Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis". Até aqui, fácil, mas depois vinha o vocabulário. Gatuno, sabíamos o que era, masperalta, pelintra, aluá, seguidilha e regaço, o que eram? Machado não era o mais difícil. Vinha Gonçalves Dias, cujos versos, de tão belos, tinham ido parar no Hino Nacional: "Nossos bosques têm mais vida", "nossa vida no teu seio mais amores". Wilson, de todos nós o mais lido, explicava: "No teu solo eles botaram depois".
Depois era a vez de José de Alencar: "Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira." E ainda tivemos que ouvir no recreio, em irrepreensível lógica, que, como o romance se passava no Ceará e Iracema nascera "além daquela serra, que ainda azula no horizonte", e depois do horizonte vinha outro estado da federação, Iracema nascera no Piauí. Portanto, "a virgem dos lábios de mel" era piauiense!
Nem literatura nem mulher
E ainda nem tínhamos ouvido falar de Euclides da Cunha. Para nos humilhar, um dos padres-professores leria um trecho de artigo de jornal – e ele sublinhava "de jornal!" como coisa menor, já que o melhor daquele autor estava nos livros. "Publicado em 1904!", ele acrescentava, "quando os leitores ao menos sabiam sinônimos!" Depois dessas advertências repletas de exclamações, vinha o trecho:
"Li há tempos alentada dissertação sobre um singularíssimo direito expresso em velhas leis consuetudinárias da Borgonha. Direito de roubo... Recordo-me que, surpreendido com tal antinomia, tão revolucionária, sobretudo para aquela época, ainda mais alarmado fiquei notando que a patrocinava o maior dos teólogos, S. Tomás de Aquino."Concluía: "Esta é a primeira das questões dos deveres para casa, vamos à segunda..." O jeito era dividir a tarefa em grupos: quem ficaria com os sinônimos de alentada,dissertação, consuetudinárias, antinomia, alarmado. E Borgonha, onde ficava Borgonha? Quem tinha sido Tomás de Aquino?
E ainda não tínhamos chegado ao Armagedon de Os Sertões, quando até os primeiros da classe se achariam analfabetos completos diante do estilo e das palavras do autor que tinha sido morto pelo amante da própria mulher. Um dos nossos foi ainda mais catastrófico: "Já pensou se ele sobrevivesse? Morreu aos 43 anos e já escrevia assim! Aos sessenta, usaria todo o dicionário e mais um pouco. Bom, dele só sei que nasceu em Cantagalo e morreu no Rio."
Coitado daquele colega. Não gostava de literatura nem de mulher. E não pôde esperar o voto do STF consagrando o que ele mais praticava, a homoafetividade que naqueles tempos tinha sua designação resumida ao nome de um animalzinho muito querido, o Bambi, que ainda não saltitava nas savanas do Discovery, apenas nos quadrinhos de Walt Disney.
"A vergonha de ser honesto"
Mas escapou de ouvir em rede nacional que não é preciso estudar nada, muito menos Língua Portuguesa, sem a qual não aprendemos nenhuma outra matéria, pois todas são ensinadas em português.
Paulo Rónai, judeu-húngaro, que se perdeu de amores pelo Brasil e pela língua portuguesa, esmerou-se em estudar e ensinar latim depois que descobriu ser o português filho do latim. E deixou-nos essa preciosidade que é o livro Não perca o seu latim, explicando, não apenas com dezenas, mas com centenas de provérbios, ditados, máximas, lemas, divisas, inscrições, epitáfios, locuções etc., como o latim está presente, não apenas nos livros de português, mas na vida brasileira. O lema do município de São Paulo, por exemplo, é Duco, non ducor (Conduzo, não sou conduzido).
É oportuno lembrar também que pacta sunt servanda (os contratos devem ser cumpridos). Que o contribuinte contrata professores para cuidar do ensino, não para rebaixá-lo desse modo. E se para o MEC vale tudo, até o português errado, então para que atormentar os alunos com tantos exames? Enem, Enade, vestibulares, concursos para funcionários e professores etc. foram instituídos para quê? Para humilhar os jovens, sobretudo os mais pobres, cujos pais não podem pagar por boas escolas, e cujas respostas e redações, depois de corrigidas, servem de pasto às maledicências que depois são disseminadas na internet?
O tempora! O mores! (Oh! tempos! Oh! costumes!), exclamava Cícero, pai dos oradores em todo mundo, um século antes de Cristo.
Pois é. Os tempos e os costumes brasileiros nos levaram a esses descalabros, mas convém olhar todo o panorama. A polêmica, conquanto incendiária, dá conta de apenas um aspecto de nosso fracasso educacional. Muitos outros temas e problemas continuam encobertos e é por isso que é estratégico dar um jeito de controlar a mídia, do contrário vamos acabar sabendo de tudo! E ficaremos ainda mais espantados!
Concluamos com Rui Barbosa:
"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto."

Mais sobre a polêmica: por Mauro Malin

O MEC e a língua
Por Mauro Malin em 17/5/2011
Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=642JDB003

Não é novidade a discussão sobre a aceitação, por professores – de todos os graus, do antigo primário ao universitário −, de atentados à norma culta da língua portuguesa do Brasil.
Em 1919, o senador Rui Barbosa escreveu em célebre réplica ao projeto de Código Civil elaborado por Clóvis Beviláqua e aprovado na Câmara dos Deputados:
"Depois então que se inventou, apadrinhado com o nome insígne de Alencar e outros menores, ‘o dialeto brasileiro’, todas as mazelas e corrutelas do idioma que nossos pais nos herdaram cabem na indulgência plenária dessa forma de relaxação e do desprezo da gramática e do gosto. (....) Ao sentir de tal gente, quanto mais ofender a linguagem os modelos clássicos, tanto mais melodias reúne; quanto mais distar do bom português, mais luminosidade encerra".Clóvis Rossi produziu na Folha de S. Paulo de domingo (15/5), sob o título "Inguinorança", uma diatribe contra os "padrões educacionais agora adotados pelo mal chamado Ministério da Educação. Você deve ter visto que o MEC deu aval a um livro que se diz didático no qual se ensina que falar ‘os livro’ pode".
O aluno paga o pato
Indignação procedente, mas dirigida apenas ao laxismo de uns (MEC) e à preguiça (termo usado pelo autor) de outros (professores). Faltou dizer o mais importante: os alunos de professores que endossarem esse método sofrerão a vida toda com a incapacidade de dominar, minimamente que seja, a norma culta da língua.
Uma fundamentação simples e sensata da afirmação feita acima pode ser encontrada na Nova Gramática da Língua Portuguesa, de Celso Cunha e Lindley Cintra (1ª edição, 1985):
"Todas as variedades linguísticas são estruturadas, e correspondem a sistemas e subsistemas adequados às necessidades de seus usuários. (....) A língua padrão (....), embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua como modelo, como norma, como ideal linguístico de uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua função coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna uma ponderável força contrária à variação".Não perderá tempo o leitor que percorrer nesse volume as páginas dos "Conceitos Gerais – linguagem, língua, discurso, estilo", especialmente o tópico final, "A noção de correto".
Como aqui se trata de jornalismo, socorremo-nos do craque Lago Burnett, antigo chefe do copidesque do falecido Jornal do Brasil e autor do primeiro manual de redação do matutino. Em 1976, ele publicou A Língua Envergonhada e outros escritos sobre comunicação jornalística, de onde são extraídas as passagens seguintes (3ª edição, 1991):
"Escrevendo, porém – e é com isso que não se conformam os que não sabem escrever –, estamos nos expondo à crítica implacável dos que sabem e oferecendo um exemplo aos que sabem menos do que nós. Daí a responsabilidade – mais do que isso, o dever – de escrever corretamente".
"Como não sabe escrever e não consegue entender as noções rudimentares do bem-fazê-lo, [o brasileiro] assume uma atitude de vindita tipicamente infantil: busca destruir as normas ou, na impossibilidade de consegui-lo, enxovalhá-las. E declara-se inimigo pessoal dos gramáticos, dos filólogos, dos lexicógrafos".
Ler, compreender, apreciar
Todo o latinório sobre língua e liberdade, a despeito dos bons autores que frequentaram e frequentam esse território, e apesar de ser legítima a rebeldia contra "a falsidade dos postulados em que a gramática logicista e a latinizante esteavam a correção idiomática" (Cunha e Cintra, op. cit.), acaba sendo conduzido pela demagogia à vala comum estigmatizada por Burnett.
Mais prudente é seguir o conselho de Luiz Garcia no Manual de Redação e Estilo do Globo (1992):
"Em qualquer caso, a preocupação com o estilo – no artesão e no artista que convivem em cada jornalista – é indispensável para atrair a atenção do leitor.
"Este, ao passar os olhos pelo jornal, seleciona o que vai ler procurando aquilo que sente ser importante e o que lhe desperta a curiosidade. Só lerá de cabo a rabo aquilo que entender e de que gostar.
"É por isso que escrever bem é tão fundamental para o jornalista quanto apurar bem: de que vale a notícia cuja apresentação não a faz lida, compreendida, apreciada?"

Mais sobre a polêmica: agora, o que diz Marcos Bagno

POLÊMICA OU IGNORÂNCIA?

DISCUSSÃO SOBRE LIVRO DIDÁTICO SÓ REVELA IGNORÂNCIA DA GRANDE IMPRENSA

Marcos Bagno
Universidade de Brasília
Para surpresa de ninguém, a coisa se repetiu. A grande imprensa brasileira mais uma vez exibiu sua ampla e larga ignorância a respeito do que se faz hoje no mundo acadêmico e no universo da educação no campo do ensino de língua.
Jornalistas desinformados abrem um livro didático, leem metade de meia páginae saem falando coisas que depõem sempre muito mais contra eles mesmos doque eles mesmos pensam (se é que pensam nisso, prepotentementeconvencidos que são, quase todos, de que detêm o absoluto poder da informação).
Polêmica? Por que polêmica, meus senhores e minhas senhoras? Já faz mais de quinze anos que os livros didáticos de língua portuguesa disponíveis no
mercado e avaliados e aprovados pelo Ministério da Educação abordam o tema da variação linguística e do seu tratamento em sala de aula. Não é coisa de
petista, fiquem tranquilas senhoras comentaristas políticas da televisão brasileira e seus colegas explanadores do óbvio.
Já no governo FHC, sob a gestão do ministro Paulo Renato, os livros didáticos de português avaliados pelo MEC começavam a abordar os fenômenos da
variação linguística, o caráter inevitavelmente heterogêneo de qualquer língua viva falada no mundo, a mudança irreprimível que transformou, tem
transformado, transforma e transformará qualquer idioma usado por uma comunidade humana. Somente com uma abordagem assim as alunas e os
alunos provenientes das chamadas “classes populares” poderão se reconhecer no material didático e não se sentir alvo de zombaria e preconceito. E, é claro,
com a chegada ao magistério de docentes provenientes cada vez mais dessas mesmas “classes populares”, esses mesmos profissionais entenderão que seu
modo de falar, e o de seus aprendizes, não é feio, nem errado, nem tosco, é apenas uma língua diferente daquela – devidamente fossilizada e conservada
em formol – que a tradição normativa tenta preservar a ferro e fogo, principalmente nos últimos tempos, com a chegada aos novos meios de
comunicação de pseudoespecialistas que, amparados em tecnologias inovadoras, tentam vender um peixe gramatiqueiro para lá de podre.
Enquanto não se reconhecer a especificidade do português brasileiro dentro doconjunto de línguas derivadas do português quinhentista transplantados para as colônias, enquanto não se reconhecer que o português brasileiro é uma língua em si, com gramática própria, diferente da do português europeu, teremos de conviver com essas situações no mínimo patéticas.
A principal característica dos discursos marcadamente ideologizados (sejam eles da direita ou da esquerda) é a impossibilidade de ver as coisas em
perspectiva contínua, em redes complexas de elementos que se cruzam e entrecruzam, em ciclos constantes. Nesses discursos só existe o preto e o
branco, o masculino e o feminino, o mocinho e o bandido, o certo e o errado e por aí vai.
Darwin nunca disse em nenhum lugar de seus escritos que “o homem vem do macaco”. Ele disse, sim, que humanos e demais primatas deviam ter se
originado de um ancestral comum. Mas essa visão mais sofisticada não interessava ao fundamentalismo religioso que precisava de um lema distorcido
como “o homem vem do macaco” para empreender sua campanha obscurantista, que permanece em voga até hoje (inclusive no discurso da
candidata azul disfarçada de verde à presidência da República no ano passado).
Da mesma forma, nenhum linguista sério, brasileiro ou estrangeiro, jamais disse ou escreveu que os estudantes usuários de variedades linguísticas mais
distantes das normas urbanas de prestígio deveriam permanecer ali, fechados em sua comunidade, em sua cultura e em sua língua. O que esses profissionais vêm tentando fazer as pessoas entenderem é que defender uma coisa nãosignifica automaticamente combater a outra. Defender o respeito à variedade linguística dos estudantes não significa que não cabe à escola introduzi-los aomundo da cultura letrada e aos discursos que ela aciona. Cabe à escola ensinar aos alunos o que eles não sabem! Parece óbvio, mas é preciso repetir isso a todo momento.
Não é preciso ensinar nenhum brasileiro a dizer “isso é para mim tomar?”, porque essa regra gramatical (sim, caros leigos, é uma regra gramatical) já faz
parte da língua materna de 99% dos nossos compatriotas. O que é preciso ensinar é a forma “isso é para eu tomar?”, porque ela não faz parte da
gramática da maioria dos falantes de português brasileiro, mas por ainda servir de arame farpado entre os que falam “certo” e os que falam “errado”, é
dever da escola apresentar essa outra regra aos alunos, de modo que eles – se julgarem pertinente, adequado e necessário – possam vir a usá-la
TAMBÉM. O problema da ideologia purista é esse também. Seus defensores não conseguem admitir que tanto faz dizer assisti o filme quanto assiti ao filme,
que a palavra óculos pode ser usada tanto no singular (o óculos, como dizem 101% dos brasileiros) quanto no plural (os óculos, como dizem dois ou três
gatos pingados).
O mais divertido (para mim, pelo menos, talvez por um pouco de masoquismo) é ver os mesmos defensores da suposta “língua certa”, no exato momento em quea defendem, empregar regras linguísticas que a tradição normativa que eles acham que defendem rejeitaria imediatamente. Pois ontem, vendo o Jornal das Dez, da GloboNews, ouvi da boca do sr. Carlos Monforte essa deliciosa pergunta: “Como é que fica então as concordâncias?”. Ora, sr. Monforte, eu lhe
devolvo a pergunta: “E as concordâncias, como é que ficam então?

Sobre a polêmica do livro de português aprovado pelo MEC

Aboliu-se o mérito e agora aprova-se a frase errada para não constranger


Alexandre Garcia comenta o livro de português, abonado pelo MEC, que defende que não há o errado na língua portuguesa, mas o inadequado.

Na semana passada, foram distribuídos para quase meio milhão de alunos um livro de português que defende um novo conceito sobre o uso da língua portuguesa. Não teria mais certo ou errado, e sim adequado ou inadequado, dependendo da situação. O Ministério da Educação esclareceu que a norma culta da língua portuguesa será sempre a exigida nas provas e avaliações.
Quando eu estava no primeiro ano do grupo escolar e falávamos errado, a professora nos corrigia, porque estava nos preparando para vencer na vida. É notório que o conhecimento liberta, forma eleitores e contribuintes conscientes, gente que cresce e faz o país crescer.
É notório que o conhecimento vem pela educação na escola, em casa e na vida. E é óbvio que a raiz de tudo está na capacidade de se comunicar, na linguagem escrita que transmite e difunde o conhecimento e o pensamento. Isso é o que diferencia o homem dos outros animais.
A educação liberta e torna a vida melhor, nos livra da ignorância, que é a condenação à vida difícil. Quem for nivelado por baixo terá a vida nivelada por baixo.
Pois, ironicamente, esse livro se chama “Por uma vida melhor”. Se fosse apenas uma questão linguística, tudo bem, mas faz parte do currículo de quase meio milhão de alunos. E é abonado pelo Ministério da Educação. Na moda do politicamente correto, defende-se o endosso a falar errado para evitar o preconceito linguístico.
Ainda hoje, todos viram o chefão do FMI algemado. Aqui no Brasil, ele não seria algemado porque não ofereceria risco. No Brasil, algemas constrangem os detidos. Aqui, os alunos analfabetos passam automaticamente de ano para não serem constrangidos. Aboliu-se o mérito e agora aprova a frase errada para não constranger.
A Coreia saiu arrasada da guerra através de duas ou três décadas de educação rígida. A China, que há poucos anos estava atrás do Brasil, sabe onde está indo a razão de 10% ao ano do PIB: com educação rígida, tradicional, competitiva e premiando o mérito. Aqui, estamos apontando para o sentido contrário.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Língua na madrugada: E a reflexão linguística nas escolas? (Parte 1)

Ótimo texto de Bruno Rodrigues: Língua na madrugada: E a reflexão linguística nas escolas? (Parte 1): "Nos últimos dias, tenho lido um pouco sobre o ensino de língua materna e reflexão linguística; também, nas aulas de didática, na faculdad..."

Desabafo e alerta aos professores de português

Após alguns meses coordenando o curso de Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa, observei alguns pontos que me chamaram a atenção e que valem a pena ser compartilhado com os leitores do blog. Claro que estou fazendo um alerta, generalizando aspectos que me parecem importantes. 


1. Muitos professores de português, graduados em Letras, cometem erros gramaticais consideravelmente graves. Por exemplo: infelismente, ancioso, uso do "mesmo" como pronome e gerundismo. Fico me perguntando: como pode-se exigir do aluno correção gramatical se o próprio professor comete erros?


2. Os textos produzidos nas respostas de questões dissertativas revelam falta de coesão, coerência, sustentação das ideias e escolha lexical indevida. Opa, mas esses comentários são os que deveriam ser realizados na correção de redações dos alunos das aulas de português/redação. Isso me leva a crer que as correções dos textos não devem ser feitas de forma apurada como deveriam.


3. Há uma maior preocupação dos professores/alunos nas notas que recebem do que no aprendizado em si. Vamos voltar àquela velha questão: nota representa o aprendizado? é ela que deve nortear um curso ou o aprendizado em si, o desenvolvimento de competências específicas?


Quis postar esses três comentários principais, que me parecem os mais alarmantes, para que nós, professores, possamos refletir sobre como está a educação do país.


Tenho a impressão de que a educação é um conjunto de cordas com milhares de nós. Quando tentamos eliminar um nó, outros se fazem. Por exemplo, ofertar um curso de aperfeiçoamento de professores é uma forma de desatar um nó. Mas se percebe que, nesse nós, há outros, mais complicados ainda.


Realmente, a atitude é o primeiro elemento que deve ser mudado, tanto nos professores quanto nos alunos, para que conhecimento e habilidade possam ser desenvolvidos. 


Vamos em frente, tentando desatar alguns nós - se é que isso é possível.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Projeto 7: uso de tecnologias no ensino

Autor: VICENTE DE CARVALHO DELORME


O projeto a ser desenvolvido deve ser vinculado a alunos do 1º ano do Ensino Médio, aproximadamente. O recurso a ser utilizado diretamente é o Youtube, o que pode proporcionar ainda a utilização indireta de outras ferramentas, como o Facebook, o Orkut e o Twitter. Os objetivos do projeto serão apontados ao longo da descrição das atividades.

O primeiro passo da atividade é a criação de duplas ou trios, de modo que sejam formados grupos pequenos. Isso fará com que cada componente seja participante ativo do projeto e impedirá que certos componentes sejam presenças dispensáveis (ou inativas) de um grupo.

Após isso, será determinada a tarefa: cada grupo terá que inventar um produto – de qualquer campo do nosso cotidiano, seja estético, alimentício, tecnológico – e, com base nele, deverá postar no Youtube um ou mais vídeos que tenham como intuito a divulgação do mesmo. Essa primeira parte tende a valorizar a criatividade dos alunos quanto à invenção de um objeto de venda, bem como a necessidade de criação de vídeos originais e sedutores.

Na próxima etapa, devem ser criados mecanismos de persuasão aos possíveis consumidores, o que, por sua vez, precisará (obrigatoriamente) se fundamentar em outras formas de comunicação. Nesse sentido, pode-se criar um perfil no Twitter, por meio do qual a “empresa” vendedora do produto divulgue vídeos comerciais (do próprio Youtube, por exemplo) e informações que chamem a atenção dos pretensos clientes. 

Outro passo importante do ponto de vista da aproximação com o público pode ser a criação de um perfil no Facebook, de modo que, por meio dele, possam ser divulgados “Eventos” para apresentação dos produtos, para criação de promoções, etc. Por meio desses eventos, aumentam-se as possibilidades de compra, bem como as chances de se ter um feedback no que diz respeito não só à campanha desenvolvida até então, mas também ao próprio produto. Assim, pode-se valorar a aceitação (ou não) do produto pelo público-alvo.

É interessante notar que, ao ser desenvolvido o projeto, os receptores das propagandas via Twitter, Facebook, Orkut, Youtube, etc podem ser, inicialmente, os próprios alunos e, posteriormente, pessoas quaisquer que se vejam interessadas no produto. Essa adesão do público deve ser um dos fatores de avaliação para que sejam comparadas as formas de divulgação de cada grupo por meio de um parâmetro comum. Nesse caso, seria avaliadas: a quantidade de “views” no Youtube, a quantidade de amigos no Orkut e no Facebook, a quantidade de seguidores do Twitter, a quantidade de citações do produto pelo Twitter, dentre outras possibilidades.         

Vale ressaltar que, obviamente, só podem ser inventados produtos que sejam respeitosos à dignidade humana, que sejam politicamente corretos, que sejam eticamente valorizáveis. Além disso, a linguagem das propagandas deve seguir o mesmo rigor: pode-se tender à informalidade, à coloquialidade, mas não será aceita a linguagem agressiva e vulgar, isto é, aquela que é negativamente apelativa.  

Sendo assim, caberá ao professor – com base na sua percepção sobre a adesão de cada produto – qualificar as técnicas argumentativas utilizadas. Elas foram criativas? Foram inteligentes? Foram inteligentes e criativas? Com isso, o aluno indiretamente desenvolverá sua capacidade persuasiva, sua capacidade de utilizar linguagens (respeitosa e inteligentemente) sedutoras. 

Após isso, uma “macroanálise” do trabalho pode encaminhar a tarefa para o campo do “Marketing Viral”, assunto muito discutido atualmente, que é resultado da nossa sociedade de convergência informacional. Segundo tal conceito, as pessoas hoje não são apenas elementos passivos na divulgação de um produto, mas sim agentes de propagação das informações, resultado da replicação de dados publicitários (ou meramente noticiosos), pelas novas mídias. Nesse contexto, ficará claro para eles que a sala de aula representaria uma Metonímia do país ou até do planeta.

Para finalizar a tarefa, pode-se apontar ainda a possibilidade de ser criado um Formspring para cada grupo, por meio do qual os próprios alunos criariam perguntas, críticas e elogios. Em função desse veículo, cada “empresa” teria como objetivo a manutenção de seus clientes, sua fidelização e a possibilidade de melhorar cada vez mais seus serviços e suas vendas.  

Projeto 6: uso de tecnologias no ensino

Autora: CARINA DA SILVA ROMERO


PROJETO SOBRE OS ÍNDIOS

Objetivos:

*Conhecer e refletir sobre a cultura indígena;
*Conhecer, analisar e debater os hábitos e costumes dos índios;
*Conhecer e discutir sobre a influência da cultura indígena em nossa vida;
*Aprender a respeitar os índios com a finalidade de construir a cidadania numa sociedade com uma diversidade cultural tão grande como a brasileira;
*A partir do tema gerador desenvolver atividades em diferentes áreas de estudo;
* Entrar em contato com ferramentas de ambientes virtuais, como blog;

* Conhecer novos meios de pesquisa e de desenvolvimento de atividades extraclasse; 

*Produzir um blog sobre a cultura indígena. 
Conteúdos:
*Pesquisa de ambiente virtual na internet;
*Gênero Blog;
*Cultura Indigena.


Planejamento:
As propostas de atividades presentes neste projeto contemplarão os temas transversais contemplados nos PCN’S: Pluralidade Cultural, Ética, Meio Ambiente e Cidadania.
Tempo estimado: 9 períodos.
Material necessário: fotos e figuras de índios, apresentação de power point sobre a cultura indígena, filme Tainá, notícia sobre o índio Pataxó, computadores do laboratório de informática, sala de vídeo.
Faixa etária: Alunos do 9º Ano do Ensino Fundamental. 
Tecnologia de ensino: Construção de um blog.



1º Passo (1 período): Pedir que os alunos levem para a sala de aula fotos ou recortes de figuras que pareçam com indígenas. Assim que inicia a aula, o professor analisará com os alunos cada foto ou figura, pedindo que todos argumentem sobre cada decisão. Logo em seguida o professor apresentará algumas figuras de alimentos, objetos e palavras em apresentação de Power point procurando incentivar os alunos a falar sobre os conhecimentos que já possuem sobre o assunto (conhecimentos prévios). Após o professor questionará os alunos acerca das suas dúvidas sobre o assunto e sobre o que desejam saber sobre o tema.

2º Passo: Formulação de problemas que servirão de direcionamento para a construção de blogs. Cada aluno deverá, ao fim do projeto, criar um blog para postar o sub-tema (que será sorteado pelo professor) a partir das questões abaixo. Os alunos deverão postar em seus blogs textos criados por eles mesmos sobre o assunto a fim de informar, alertar e motivar as pessoas a respeitar a cultura indígena. 

Questões:
1. Ainda existe preconceito com os índios?
2. O que as pessoas sabem, pensam e acham sobre a cultura indígena?
3. O que é possível fazer para ajudar a mudar o quadro de preconceitos e discriminação aos índios?
4. A culinária indígena é utilizada na cozinha brasileira? Como?
5. Ainda são encontrados locais de agrupamentos e reservas indígenas?
6. Quais são as tribos encontradas no Brasil e como vivem atualmente?
7. Quais são as palavras do vocabulário indígena?
8. Há influencia indígena na Língua Brasileira?
9. Há influência indígena no artesanato brasileiro?
10. Há influencia indígena na medicina caseira?  

3º Passo (2 períodos): Conduzir os alunos até a sala de vídeo para assistir ao filme Tainá- para realizar debate sobre o assunto.

4º Passo (2 período): Levar para a sala de aula a noticia do índio Pataxó que foi morto incendiado por jovens em uma parada de ônibus em um bairro nobre da capital federal no dia 20 de abril do  ano de 1997. Após conduzir os alunos até o laboratório de informática da escola para que eles possam pesquisar nos sites dos jornais: Globo.com, A folha de São Paulo, Revista Veja, Revista Nova Escola para procurar artigos e notícias sobre fatos contendo discriminação e preconceito com relação aos índios. Cada aluno coleta as informações que julga importantes para colocá-las aos colegas em um momento de debate.

5º Passo (1 período): O professor conduzirá os alunos até o laboratório de informática a fim de  entrar em contato com alguns blogs para que eles familiarizem-se com essa estratégia tecnológica, realizará uma conversa com os alunos a respeito de ferramentas virtuais de interação. Para que servem blogs e fóruns? Quais as características do texto de cada um deles? Convidará a turma a criar um blog para conhecer mais a respeito da cultura indígena, realizando pesquisas e conversas a respeito. Explicará que esses ambientes virtuais irão funcionar como uma atividade extraclasse e é importante que todos se cadastrem como usuários para participar. 

6º Passo (1 período): Trazer o material criado para correções e orientações do professor. Momento de reescrita e ajustes finais.

7º Passo (1 período):Construir o blog e postar o material por eles produzidos. 

8º Passo: (1 período): Realizar uma avaliação do trabalho realizado com a finalidade de identificar os pontos em que a metodologia e as estratégias de ensino foram utilizadas com sucesso e o que deve ser aperfeiçoado em um futuro projeto desse gênero. Realizar com os alunos uma autoavaliação para que eles avaliem seus desempenhos durante o processo de execução do projeto e fechamento do mesmo, bem como avaliem todo o planejamento feito pelo professor, dando suas opiniões sobre o projeto em um contexto geral.

Projeto 5: trandisciplinaridade usando o tema cerveja

Autora: CARLA BAYER BARRETO DIAS


Plano de Aula Ensino Fundamental II

O bem  e o  mal da cerveja.

Bloco de Conteúdo
 Língua Portuguesa, geografia, Ciências Naturais.
Conteúdo
Verbete enciclopédico
 desenvolvimento  social e econômico  da comunidade.
História da comunidade.
Composição da cerveja  

Objetivos

-  reconhecer verbetes enciclopédicos
- pesquisar os verbetes na internet  com uma olhar crítico para saber se as informações são verdadeiras.
-  relacionar a instalação da fábrica da AMBEV com o desenvolvimento da comunidade.

Relacionar a facilidade atual de comunicação com a dificuldade  de um jovem de expor suas ideias  no século XX.

Analisar  a composição da cerveja pra identificar  as qualidades e os males causados pela cerveja.

Ano 
9º. 

Tempo estimado 
três aulas. 

Material necessário 
Slides coloridos com desenhos e fotos em PowerPoint, data show, computador,fotocópias , rótulo de cerveja, revistas, cola, tesoura e cartolina.

Desenvolvimento 

1ª etapa 
Iniciar aula levando os alunos até o laboratório de informática e mostra  no data show a imagem   do facebook:< http://www.facebook.com/> ,  e do twitter : http://twitter.com/ ; perguntar se o que um jovem pensa pode ser postado/ escrito  nesses sites.  Explicar que atualmente é fácil mostrar suas ideias, expor opiniões,  que no século XX não era fácil assim, dar exemplo o manifesto antropofágico, mostrar a imagem do Ababoru  de Tarsila do Amaral no data show e explicar a defesa da questão antropofágica pelos escritores Oswald Andrade, Manuel Bandeira e Mário de Andrade.  Questionar a facilidade de expor  qualquer coisa na internet,mostrar a necessidade de filtrar informações  e de colocar na internet informações que sejam pertinentes para o conhecimento do público, dar o exemplo do site WikiLeaks  < http://www.wikileaks.ch/> que traz informações sigilosas  mostrando a sujeira de algumas empresas e governos.
Explicar que na atualidade os jovens tem acesso a cultura de outros países, outros hábitos e valorizar a sua cultura é muito importante, ou seja dialogar com outras possibilidades é bom mas valorizar suas características, dar exemplo da turma da Mônica jovem http://www.revistaturmadamonicajovem.com.br/magali-cascao/personagens/cebola-167970-1.asp  que traz  as características de seus personagens mas dialogam com a cultura japonesa do mangá. 

2ª etapa 
iniciar  com o questionamento: o significado da palavra enciclopédia?, eles deverão associar a um livro antigo com explicações  longas sobre uma assunto específico. Explicar que existe enciclopédia on-line e que qualquer usuário pode ajudar a montá-la.
Pedir aos alunos que entrem na página: http://www.wikipedia.org/ , que selecionem o idioma que falam ( português), explicar que no campo pesquisar eles podem digitar uma palavra e o conteúdo sobre esta aparecerá.
Pedir aos alunos que digitem o campo pesquisar : km 32 (Nova Iguaçu), e leiam o conteúdo sobre a sua comunidade. Perguntar o que esse texto mostra que o bairro tem de diferente dos demais de Nova Iguaçu? Uma boa estrutura por causa da fábrica da AMBEV.
Perguntar se os alunos conhecem o processo de fabricação da cerveja, pois a fábrica está dentro da comunidade escolar. Explicar para os alunos o processo de fabricação da cerveja. http://www.ambev.com.br/pt-br/sociedade-da-cerveja/fabricacao/fabricacao 
Do campo às latinhas e garrafas, o processo envolve diversas etapas.
A produção da cerveja tem um longo percurso. Do campo às latinhas e garrafas, o processo envolve diversas etapas: maltagem, brassagem, fermentação, maturação, filtração e envasamento e pasteurização.

Conheça cada uma das etapas da fabricação da cerveja:

1. Maltagem: grão vira malte 
Depois da colheita no campo, a cevada segue para as maltarias. Essas fábricas têm a função de umedecer, germinar e secar os grãos. Só assim o amido do cereal transforma-se em açúcar fermentável, processo essencial para a criação da cerveja.
A primeira etapa na maltaria é a maceração. Os grãos recebem água e oxigênio e, depois de algumas horas, ficam prontos para a germinação. Nessa segunda etapa, que dura alguns dias, é que se formam os enzimas que preparam o amido e as proteínas do cereal. Surge o malte.
Por fim, a matéria-prima passa por secagem ou torrefação. Nesse processo, dependendo da intensidade, o malte pode assumir colorações e aromas que contribuem para formar a personalidade da cerveja. Cervejas escuras, por exemplo, têm aroma de malte torrado.

2. Brassagem: malte e água viram mosto 
Os grãos passam por trituração. A moagem tem a função de expor a parte interna dos grãos para concluir a ação enzimática. Já moído, o malte segue para um tanque com água quente. Essa mistura é cozida. O processo, feito com diversas temperaturas, ativa as enzimas do cereal e transforma o amido em açúcar fermentável. O resultado é um líquido turvo, grosso e adocicado, chamado de mosto.

Em seguida, o mosto primário é filtrado e refiltrado, para eliminar o bagaço de malte. Já filtrado, o conteúdo é bombeado para uma caldeira. A fervura intensa não só esteriliza o mosto como ajuda a definir a cor e sabor da cerveja. Nessa etapa mais um ingrediente é adicionado: o lúpulo, responsável pelo sabor amargo e também por aromas florais e herbais da cerveja.

3. Fermentação: a transformação do mosto em cerveja 
O mosto recebe os levedos e é acondicionado em grandes tanques. Nessa fase, o fermento transforma o açúcar do mosto, como a maltose e a glicose, em álcool e gás carbônico. É o cuidado nessa etapa que ajuda a produzir pequenas quantidades de substâncias que, juntas, conferem sabor e aroma à cerveja.
O controle da temperatura varia de acordo com os tipos de cerveja. Cervejas do tipo Lager são fermentadas em temperaturas mais baixas, enquanto as do tipo Ale fermentam em temperaturas um pouco mais elevadas. O processo é determinante para o sabor da cerveja. Por fim, a cerveja é resfriada a 0º C e sedimentos resultantes são separados por decantação.

4. Maturação: a cerveja ganha sabor 
Nessa fase acontecem pequenas e sutis transformações, que ajudam a "arredondar" o sabor da cerveja. Substâncias indesejadas, oriundas da fermentação, são eliminadas, e o açúcar residual é consumido pelas células de fermento remanescentes, em um fenômeno conhecido por fermentação secundária.  A maturação costuma levar de seis a trinta dias, em razão da cepa de fermento e do toque pessoal do cervejeiro. Ao término desse estágio, a cerveja está praticamente concluída, com aroma, sabor e corpo definidos.

5. Filtração: eliminando o excesso de leveduras 
É a etapa de acabamento da cerveja. Depois de maturada, a cerveja passa por filtração para eliminar partículas restantes de leveduras em suspensão. O processo não altera a composição ou sabor da bebida, mas é fundamental para garantir sua apresentação, deixando-a transparente e brilhante. Determinadas cervejas tipo Ale, de alta fermentação, não passam por esse processo e mantêm partículas em suspensão. São elas que conferem personalidade ao sabor, corpo e aroma da bebida.

6. Envasamento: o produto na embalagem 
Uma fase importante para garantir a qualidade e a estabilidade da cerveja. Podem ser usadas garrafas, latas e barris. A cerveja, ou chope, é basicamente a mesma em qualquer das embalagens.

7. Pasteurização: garantindo durabilidade à cerveja 
Logo após o envasamento, o produto envasado é submetido à pasteurização. Nesse tratamento térmico a cerveja é aquecida até 60º C e resfriada até chegar à temperatura ambiente. São esses choques calor e frio que garantem maior durabilidade ao produto - a validade chega a seis meses depois da fabricação. O processo, usado em cervejas em lata e garrafa, não altera a composição ou sabor. Nos barris, a cerveja normalmente não é pasteurizada. Eis o chope, a cerveja não pausterizada que vai diretamente para os barris. Com validade menor, variando de 10 a 15 dias, necessita de consumo mais rápido.


3ª etapa 
Iniciar a aula  mostrando  as propriedades nutritivas da cerveja < http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/loira-que-vem-do-fungo-532056.shtml>  , que são ricas em minerais e vitaminas. Pergunte para os alunos  de onde vêm esses nutrientes.   Explique que, por ser de origem vegetal, a cevada retira do solo vários ingredientes, que ficam depositados em sua seiva, folhas e grãos e se conservam durante o processamento. São vitaminas essenciais, como as do complexo B, antioxidantes, vitaminas C etc. 
De modo geral, a planta é rica em cobre, potássio, magnésio, silício e zinco, elementos que podem ser benéficos em certos problemas, como asma, bronquite, problemas de pele e outros. Conversar com os alunos que a cerveja possui benefícios e que a propaganda sempre a associa a algo afrodisíaco, mas que há um lado ruim no consumo da bebida, por  isso ela é destinada somente para maiores de 18 anos, incentivá-los ao não consumo precoce da bebida. 
Mostrar um rótulo de cerveja para os alunos para identificarem os ingredientes e perceberem que esta possui álcool, ler  os trechos da reportagem da Veja sobre os males do álcool:  http://veja.abril.com.br/blog/saude-chegada/saude/os-males-do-alcool/
Engorda Cada grama de álcool fornece 7 calorias. O álcool só fica atrás da gordura, que fornece 9 calorias por grama. Além de a bebida alcoólica ser naturalmente mais calórica, ainda prejudica o metabolismo das gorduras. Tomar todas no carnaval engorda, e muito!
Sobrecarga no fígado O álcool é metabolizado no fígado – e bebida em quantidade alta maltrata muito do órgão, responsável por dois processos importantes para o fornecimento de energia para o corpo: a neoglicogênese e a glicogênese. Por isso ocorre indisposição e seguramente haverá queda no rendimento esportivo um dia após beber. Aliás, muitas doses de álcool podem levar ao coma alcoólico, quando o indivíduo fica com hipoglicemia (baixa concentração de glicose no sangue). O remédio? Glicose na veia.
Desidratação O álcool desidrata, pois inibe o ADH, o hormônio antidiurético. Ficar desidratado deixa o sangue mais denso, o que causa maior stress circulatório e os rins também são forçados a trabalhar mais. Quem sai para correr de manhã, após ter bebido na noite anterior estará mais exposto a uma hipertermia e/ou sobrecarga renal.
Discutir com os alunos os males que o álcool faz no organismo.

Avaliação

Pedir aos  alunos que produzam um texto mais completo sobre bairro em que moram ( km 32)  para ser postado na Wikipédia. Discutir quais as melhores ideias sobre o bairro.
Pedir aos alunos que confeccionem cartazes sobre os males do álcool  

Projeto 4: transdisciplinaridade

Como prometi aos meus alunos e pelo retorno que obtive dos visitantes deste blog, segue mais um projeto bem adequado, englobando a transdisciplinaridade.


Autor: Vicente de Carvalho Delorme

O plano de aula que será apresentado a seguir se baseia na criação de um roteiro teatral que não só busca facilitar a compreensão dos alunos, mas também que seduzi-los a buscar um aprendizado que lhes é importante, cuja complexidade será gradativa e cumulativamente construída por meio das etapas da encenação. 

Em paralelo à apresentação dos atos que representam cada passo dessa gradação teatral, será desenvolvida uma análise crítica vinculada, primariamente, a certa disciplina e, secundariamente, às disciplinas de modo geral – ou seja, fomentando-se a transdisciplinaridade. Para fins didáticos, as cenas e suas respectivas observações foram divididas em etapas.

Etapa I
Para dar início à encenação, foi escolhida uma imagem que estivesse em nossa rota de aprendizagem. Trata-se de um personagem que toma certa bebida, que será tratada – hipoteticamente – como uma cerveja. Nesse primeiro passo, de forma ainda muito simplória, podem ser apontados (no campo a Biologia) pontos positivos ou negativos decorrentes do consumo da bebida.

Etapa II

Em um segundo passo, podemos refazer a cena adicionando a ela o fato de a personagem se dirigir a um estabelecimento para comprar tal produto. Agora, a observância biológica não precisa ser repetida, o que poderá dar lugar a outras formas de apreciação. Entre os exemplos, podemos citar: uma análise relativa à Matemática, vinculada ao valor do produto, ao valor que um usuário gasta por mês ao consumi-lo, à diferença entre o “valor de fábrica” e o “valor de mercado”, etc.      

Etapa III

Agora, adiciona-se à cena o fato de o produto estar fortemente estragado, o que proporcionaria ao consumidor a possibilidade de contestar – junto à loja que vendeu ou à fábrica que o produziu – uma indenização. Nessa etapa, far-se-á uma reflexão crítica acerca do equilíbrio e da organização das relações sociais, o que direcionará a conversa rapidamente para os ramos da Sociologia e do Direito.

Etapa IV

Após isso, pode-se incluir a descoberta de que o personagem (o consumidor da cerveja) tenha apenas 17 anos. Com esse novo ponto de vista, a análise jurisdicional relacionada ao Direito pode tomar outros rumos e questionamentos: de acordo com o princípio social relativo à Ética, o personagem merece receber alguma indenização por ter consumido uma bebida alcoólica estragada? Como isso poderia ser solucionado de forma a respeitar outro princípio social, o de Justiça?

Etapa V

Dando sequência à cena, o adolescente tenta se defender justificando que só comprou a cerveja porque as propagandas eram muito sedutoras e sugeriam – capciosamente – que ele seria mais bem tratado pelas mulheres, caso estivesse com cerveja.  Esse novo fato direciona nossa análise para outros campos: a Linguística, a partir da qual serão explorados valores argumentativos do discurso publicitário; a Sociologia, a partir da qual será feita uma análise sobre o comportamento consumista oriundo do capitalismo; e a História, a partir da qual serão discutidas a origem das relações de consumo e a incorporação do espírito consumista nas sociedades. 

Uma vez que cada cena foi apresentada e discutida particularmente, é importante notar o objetivo didático da atividade como um todo. Nela, o aluno terá a capacidade de notar que um ato qualquer do cotidiano, por mais simples que seja, pode absorver diversos campos do conhecimento, comprovando a transdisciplinaridade do roteiro desenvolvido. 

Com isso, fica clara a importância da análise dessas cenas em uma apreciação mais ampla e coletiva, em detrimento da análise meramente particular de um único campo do conhecimento. A necessidade de valorizar a ação como um todo advém da ideia óbvia de que nenhuma ação do cotidiano começa e terminar por si só, sem ter uma causas e/ou sem deixar conseqüências. Isso favorece a tese desenvolvida por alguns de que “o mundo moderno é transdisciplinar”. 

Para que essa atividade seja valorizada pelos alunos, é interessante notar que, conforme defende Aloyseo Bzuneck, ela tem a indiscutível capacidade de seduzir os alunos. Uma razão para isso é o fato de se tratar de uma cena comum ao ambiente dos adolescentes, de modo que a tematização, por si só, já lhes seja atraente. Além disso, ainda com base nos conceitos de Bzuneck, outro fator capaz de facilitar a motivação dos alunos é a possibilidade de ver um significado para a apreensão do conhecimento, o que ocorre pelo fato de cada explicação vir sempre (claramente) atrelada a uma ação cotidiana. 

Outra maneira sedutora de se fomentar a aproximação entre os alunos e essa forma de aprendizado consiste na possibilidade de ela despertar o interesse pessoal deles, seja profissional, seja cultural. Nesse caso teatralizado, poder-se-ia atrair a atenção daqueles que valorizam mais a Língua Portuguesa, a História, a Biologia, a Matemática, a Sociologia, o Direito etc. Isso, de modo geral, possibilita não só que o aluno amplie a sua capacidade de analisar criticamente situações quaisquer, mas também de se projetar sobre elas em função de seus anseios. Para comprovar isso, o aspirante a advogado pode se mostrar mais interessado pelas etapas III e IV, enquanto o aspirante a empresário (que ingressará no ramo da Engenharia, da Economia ou da Administração de Empresas) deverá se mostrar mais interessado pela etapa II, que é superficialmente relativa à Logística.

Desse modo, ao fim da atividade, mesmo que a razão para sedução dos alunos possa ter origens distintas, nota-se que o objetivo maior parece ter sido esclarecido, de modo que todos tenham sido levados a analisar criticamente – tanto de forma micro, quanto macrodisciplinar – as cenas e, como consequência, os conceitos que delas derivam. Com isso, adquire-se a certeza de que as ciências devem ser atreladas a questões próximas à sua realidade e a importância de apreciar coletivamente – isto é, como é sugerido pelo mercado atual – as situações cotidianas.